sábado, agosto 06, 2005



Água


É um facto que só nos lembramos das coisas quando as não temos.
De igual modo, só nos apercebemos que não temos algo, quando esse algo nos é absolutamente essencial.
O que é verdadeiramente essencial é aquilo de que a nossa vida está de algum modo dependente.
Hoje lembrei-me da água




Gota de chuva


A tempestade acabou..
a última gota de chuva
desapareceu na terra húmida..
e com essa gota..
toda a minha vida.

Sempre quis que a vida fosse simples
como a queda de uma gota de água
onde não existisse morte,
nem merda, nem medo, nem mágoa.

Só o simples movimento,
eterno em cada momento,
de uma lágrima angelical,
lançada como semente,
do mágico e do transcendente.

Mas agora que sei,
que a última gota
desapareceu na terra sem norte,
agora que sei que a semente
do transcendente
é planta sem suporte,
eu queria a mágoa;
eu queria o medo;
eu queria a merda;
eu queria a morte;

Porque querer a morte
é ser deste mundo!
porque querer a morte
é estar, vivo por um segundo.



(Gravura: Water, In Praise of Hands de Naoko Matsubara / Poema: Gota de Chuva de Sérgio Oliveira)

1 Comments:

Blogger Luis da Cunha said...

Meu grande animal... Pois é, se n for eu a comentar, quem é q o vai fazer?... Hehe... Parece q criamos este blog mesmo para nós próprios. E estou satisfeito com o resultado! É a casa ideal p os nossos delírios cognitivos. Bom, vêmo-nos por aqui.
Um abraço,LC

4:02 da manhã  

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